Design é árduo. Explico:
Semana retrasada fiz a cirurgia de desvio de septo (por isso não teve news). Foi super tranquila, rápida e a recuperação tem sido melhor do que esperava.
Apesar disso, só fui descobrir os detalhes de como iria acontecer poucos dias antes; e quando digo poucos, quero dizer dois dias antes.
Ora, qualquer pessoa que vá passar por uma cirurgia se preocuparia em saber coisas como qual o tipo de anestesia vai ser usada, quanto tempo a cirurgia leva, se precisa de internação, quantos dias de afastamento, quais remédios…
Eu tinha muitas suposições de todas essas informações — achava que seria anestesia local; achava que não precisaria internar; etc. — mas absolutamente nenhuma certeza.
Depois de um (merecido) puxão de orelha, me peguei pensando:
Eu, uma pessoa que basicamente vive a vida usando técnicas e métodos para conseguir coletar o máximo de informações sobre procedimentos e atividades, falhei miseravelmente em descobrir mais sobre a minha cirurgia.
Falhei em me não preocupar sobre algo que poderia literalmente custar minha vida.
Por isso, repito: Design é árduo.
Tanto que, acredito ser totalmente compreensível quando “desligamos” a vigilância. O problema é que designers raramente podem se dar a esse luxo. E quando podem, é bem comum fazermos em momentos em que seria importante nos preocuparmos.
É importante um equilíbrio estratégico, porque, ser a pessoa “militante” não é tão efetivo (acaba por criar ranço e prejudicar os afetos), mas ser a pessoa apática e desinteressada é justamente o comportamento que dá brecha para as piores decisões em design.
Enfim, passou. Estou bem e feliz em ter percebido isso, mas confesso que ainda é difícil ser proativo em lembrar do seguinte:
Às vezes precisamos ser designers mesmo quando não estamos fazendo design.
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Se for ver um link essa semana, veja esse.
Sentir faz parte do processo?
traz uma reflexão interessante e nos provoca a nos perguntamos como estamos fazendo design. Leia com intenção.
Pra viagem
Leve com você nessa semana.
De tempos em tempos eu volto nesse link. É basicamente uma lista de inúmeres perguntas que designers deveriam estar fazendo. Acho que tá na hora de revisitar.
Qual pergunta você sempre faz e qual vai passar a fazer depois dessa lista?
O que achou dessa edição?
Comente ou responda a esse e-mail e vamos conversar :)
Primeiramente, que bom que deu tudo certo na cirurgia!
Segundamente, eu costumo dizer que ser designer é ao mesmo tempo uma benção e uma maldição. Quando você entende o porquê das coisas, o que está por trás, como foi feito e qual a intenção de algo ser do jeito que é, você passa a procurar isso em tudo.
Então talvez não haja um desligamento completo dessa vigilância. Talvez o hábito de pensar design acaba gerando costumes e, quando acostumados, deixamos as coisas passar com mais afrouxo. Tipo um "não sei, só sei que foi assim" das ideias. 😂
Grande abraço.
Que bom saber que a cirurgia foi tranquila, Rafa! 🙏
Sobre o texto, baita reflexão mesmo. Me vi bastante nas situações que você descreve. Às vezes percebo que poderia me aprofundar mais em certas decisões da vida pessoal — como uma viagem, um computador novo pra trabalhar ou até questões de saúde — mas o esgotamento bate, e aí vem o clássico “ah, vai assim mesmo” (o que acaba gerando incertezas e ansiedades que, se fossem no trabalho, a gente tentaria mitigar hahaha).
É curioso como a gente se dedica tanto no dia a dia da profissão, mas quando se trata de algo pessoal, o fôlego já não é o mesmo. Talvez porque passamos tanto tempo sendo designers em horário comercial que, no tempo livre, tudo o que queremos é simplesmente... ser usuário 😂
Abraço, meu querido!